Todos nós buscamos vitórias, seja crente ou ímpio, ninguém deseja ser derrotado em qualquer circunstância. Para conquistarmos vitória, precisamos em um primeiro momento refletir sobre o que é vitória para um cristão. Se perguntarmos ao ímpio o que ele entende por vitória ou quais as vitórias ele busca, certamente dirá que saúde, já que nenhum ímpio deseja enfermidade para si, paz, aquela paz superficial como a que o morro do Alemão no Rio de Janeiro recentemente conquistou; os ímpios diriam também que um emprego com estabilidade e que ganhasse um bom salário, o seu próprio transporte, a casa própria, seriam outros exemplos de vitória para a vida da maioria daqueles que não conhecem a Deus. Provavelmente você se identificou com alguns dos desejos que foram citados anteriormente, podendo então se indagar: se os ímpios desejam coisas semelhantes a muitos cristãos que conheço, qual a diferença entre vitória para um crente e para um ímpio? A principal diferença é que os ímpios buscam e dedicam suas vidas em prol de coisas terrenas, e o cristão dedica sua vida em busca, como disse o apóstolo Paulo, “das coisas do alto”. (Col 3:1). Pelo menos, assim que o cristão deve agir.
Todas as coisas que os ímpios buscam alcançar como vitórias são coisas limitadas pelo tempo, passageiras, terrenas, porém o cristão deve entender que é peregrino, ou seja, está nesta terra de passagem, sua verdadeira morada está preparada por Deus no céu. Não há sentido para um crente dedicar sua vida a enfeitar a sua “tenda” enquanto não trabalha em prol da sua verdadeira casa que é na morada celestial. Lembremos o que Jesus disse em João capítulo 14:1-3; quem é terreno busca as coisas terrenas e quem é espiritual busca as coisas do espírito, ou as coisas espirituais.
Então, o que é vitória para o cristão?
Paz
Os ímpios buscam paz, mas é uma paz superficial, passageira, aparente. Somente Cristo pode dar a verdadeira paz, que é independente de saúde, condição financeira, ou qualquer outra coisa, ou seja, quem tem a verdadeira paz de Cristo, mesmo que externamente ou ao seu redor esteja em caos, o cristão sente-se seguro, esperançoso por que tem o Senhor em sua vida. (Jo 14: 27)
Salvação
Não merecíamos a salvação que Deus nos concedeu através do sacrifício do Senhor Jesus, porém Ele através de sua graça nos tornou salvo. O Cristão deve entender isto como uma genuína vitória, não porque vencemos e conquistamos, mas porque Cristo venceu por nós na cruz. Ele disse aos discípulos: “alegrai-vos porque o vosso nome está escrito no livro da vida”, e para conseguirmos a coroa da vida temos que permanecer fiel. Ser fiel até a morte para receber a coroa da vida é a nossa maior vitória.
Infelizmente, o que percebemos em muitos lugares é a pregação de um evangelho distorcido, um evangelho sem cruz, o “evangelho de só vitória”, o que não tem fundamentação na sã doutrina e que pode trazer profundas sequelas na vida de muitos quando esperam que certos problemas sejam resolvidos e quando não são, atribuem a Deus a responsabilidade e se tornam frustrados. Para agravar ainda mais a situação, motivados pela lei da “oferta e procura”, muitos pregadores estão entrando nesta falácia de pregação capitalista e dizem jargões em suas pregações como “basta somente crê que sua vitória chega hoje”, ou “com Cristo é só vitória”, e “Deus te livra das suas provas hoje.” Usam textos como a passagem do povo de Israel pelo mar ou versículos como “pedi e dar-se-vos-á” entre outros trechos que fora do seu devido contexto fazem confusão na mente de muitas pessoas. Gostaria de refletir um capítulo em específico com você para ilustrar melhor aquilo que pretendo dizer.
Atos 12
Depois de ler o Livro de Atos no capítulo 12 vemos o que aconteceu com dois discípulos de Jesus: Tiago e Pedro. Muitos pregadores dão ênfase ou exclusividade quando tratam sobre este capítulo ao que aconteceu com Pedro na prisão, evidentemente algo milagroso que serve para a edificação da Igreja e motivo para glorificarmos a Deus. Contudo, no início do capítulo, costumamos não observar o que aconteceu a Tiago que foi morto a espada sob a ordem de Herodes. Afinal, era Tiago infiel e Pedro fiel a Deus? Será que Pedro orava mais? Tinha mais fé? Pensar desta forma é absurdo porque o que aconteceu foi que Tiago morreu com um determinado propósito para a Glória de Deus e Pedro foi livre da prisão porque era na ocasião o propósito de Deus e foi para a Glória dEle. Muitos cristãos acreditam que Deus sempre está disposto a nos livrar da adversidade assim como ocorreu com Pedro, mas em determinadas situações, a espada vem e temos que compreender que faz parte da vida de muitos cristãos, mesmo sendo fiéis.
Qual a nossa posição diante das provações?
Entender que estamos sujeitos as mais duras provas enquanto estamos nesta terra é o primeiro passo, nem sempre conseguimos os nossos objetivos, tudo o que queremos, às vezes perdemos, sofremos, mas Cristo nos deu a promessa que estaria conosco todos os dias, não para nos livrar das provações, mas passar junto conosco nos dando força, sabedoria e conforto sempre que precisarmos. Precisamos compreender que em Cristo somos mais do que vencedores porque ele venceu os dois maiores inimigos do homem que com suas próprias forças jamais poderíamos vencer: o pecado e o diabo. Triunfar sobre estes dois inimigos é nossa maior vitória. Devemos olhar para as bênçãos celestiais, não esperar em Deus somente nas coisas desta vida porque assim seriamos os mais miseráveis entre os homens, ser fiel a Deus é vital para terminarmos nossa caminhada vitoriosos e receber de Deus os galardões, ninguém receberá galardão porque comprou um transporte, uma casa, ou teve um emprego Federal, mas porque contribuiu para o crescimento do Reino de Deus, com sua oferta, com a anunciação do evangelho, com o seu testemunho como sal e luz do mundo, com as orações e súplicas, com obras de fé e santidade, cumprindo a vocação do qual foi chamado, assim chegará diante de Deus no grande Dia não com as mãos vazias e nem com as vestes manchadas, para ouvir do Senhor: “ Vinde benditos do meu Pai, possui por herança que vos está preparado desde a fundação do mundo.” (Mateus 25:34).
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